Ruth Escobar

Ruth Escobar

Maria Ruth dos Santos nasceu no dia 31 de março de 1935 na cidade do Porto, em Portugal. Em 1951, aos 16 anos de idade, mudou-se para o Brasil e, anos depois, casou-se com o filósofo e dramaturgo Carlos Henrique Escobar, com quem viajou para a Europa, onde fez cursos de interpretação. Retornando ao Brasil, criou, com o italiano Alberto D'Aversa, a companhia Novo Teatro e atuou em montagens como "Mãe Coragem e Seus Filhos" de Brecht, em 1960, e "Antígone América", texto de seu marido, em 1962. A carreira da protagonista de mais de 30 espetáculos não coube apenas no teatro e alargou-se pela produção cultural e ativismo político, entre episódios polêmicos. Em 1964, ela investiu no teatro popular, levando um ônibus-palco à periferia de São Paulo, e abriu o seu próprio teatro, no bairro da Bela Vista, inaugurado com uma montagem de "A Ópera dos Três Vinténs", de Brecht, dirigida por José Renato Pécora. Durante uma apresentação da peça "Roda Viva", de Chico Buarque de Holanda, dirigida por Zé Celso, em 1968, o teatro foi invadido por integrantes do CCC (Comando de Caça aos Comunistas), que destruíram o cenário, espancaram e prenderam os artistas No fim da década de 1960, a atriz produziu –e protagonizou– alguns dos mais legendários espetáculos já encenados no País em qualquer época. Entre eles, "Cemitério de Automóveis", de Fernando Arrabal, que estreou em setembro de 1968 em uma velha garagem na Rua 13 de Maio, e "O Balcão", de Jean Genet, em 1969. As duas peças, surpreendentes pelo arrojo e vigor da encenação, foram dirigidas pelo argentino Victor García, que Ruth Escobar havia convidado para trabalhar no Brasil em 1967. A montagem brasileira de "O Balcão", apontada pelo próprio Genet como a melhor que seu texto recebeu em qualquer outra parte do mundo, subverteu até mesmo a arquitetura do teatro, que teve parte da plateia e mezanino destruídos para a obtenção de um vão livre de 20 metros de altura. A peça conquistou os principais prêmios de teatro naquele ano e fez de Ruth Escobar a vencedora do Troféu Roquette Pinto na categoria personalidade do ano. Em 1974, quando realizou o primeiro Festival Internacional de Teatro, Ruth Escobar apresentou ao público criações de vanguarda inimagináveis para quem vivia sob a ditadura, entre eles, títulos de Grotowski, e Bob Wilson, dois dos maiores diretores do século 20, criadores de obras de grande plasticidade. Sua militância política foi sempre marcante e ecoou com forte impacto por ocasião da morte do jornalista e preso político Vladimir Herzog, num discurso contundente e emocionado, clamando pela resistência e contra os abusos da ditadura militar reinante naqueles dias. Em 1977, a atriz e produtora voltaria à cena como Ilídia em "A Torre de Babel", dirigida por Fernando Arrabal, o autor da peça. Em seguida esteve nos espetáculos “A Fábrica de Chocolate” e “A Revista do Henfil”. Um de seus últimos trabalhos em teatro foi a peça "Relações Perigosas", de Heiner Müller, dirigida por Gabriel Vilela em 1990 e a produção do espetáculo “Os Lusíadas”, em 2001. Nos anos 1980, Ruth Escobar foi eleita duas vezes deputada estadual e dedicou-se a trabalhos comunitários. A polêmica e ousada atriz, produtora e militante política morreu no dia 5 de outubro de 2017, aos 82 anos de idade, depois de vários anos sofrendo do mal de Alzheimer.

Filmes atuados

Gregório de Mattos

Abadessa

O Judeu

D. Maria Ana